Livre
arbítrio, liberdade, ir e vir sem que ninguém me impeça. Essas são
algumas das máximas que permeiam a nossa sociedade, junto
a
dignidade de trabalho. Entretanto, o que podemos ver nesse último
período no estado do Espirito Santo é a completa e difusa distorção
de tais conceitos. Confundiram a liberdade com a libertinagem.
Abdicamos
de nossa liberdade, nós prendemos em grades pagas por nós mesmos,
transformamos nossas residências em prisões domiciliares, fomos conivente com tudo isso. Este é o
cenário que se estabelece no Espírito Santo desde o sábado, quatro de fevereiro, em várias cidades do estado como a Capital, Vitória,
e o meu Cachoeiro. Chegamos ao ponto de termos que ficar presos
dentro de nossas residências para ter a mera sensação de
segurança, já não sei mais o que esperar desses seres que habitam
entre nós, humanos eu sei que não são.
Vamos,
antes, entender toda situação que levou a este caos no ES nos
últimos dias: A polícia Militar, ou melhor, os familiares dos
policiais militares, já que a eles é vetado o direito de qualquer
paralisação ou apoio a greve, reivindicam melhorias salariais e
outros benefícios para a classe. Assim como qualquer outro
funcionário publico, que gritou pelos seus direitos nos últimos
meses e anos, professores, alunos, caminhoneiros e tantos outros. Não somos
baderneiros, só queremos o que é nosso por direito. Todos os
servidores públicos estão desvalorizados e a mercê de qualquer
perigo nas situações trabalhistas.
Desde
a saída dos policiais das ruas, estamos tendo a prova do ditado
“quando os gatos saem, os ratos fazem a festa”. Aí então que se
instaurou a total perda de controle social. Cidades de norte a sul
vivem desde ontem, domingo, abusos de marginais. Lojas estão sendo
invadidas à luz do dia, melhor, a qualquer hora, sem a menor
preocupação. Os queridos, sempre protegidos pelos direitos humanos,
estão pelas ruas do estado invadindo propriedades públicas
e privadas, desfilando com armamento pesado pelas ruas, colocando em
risco a vida de inocente. Aliás, vamos ver onde estará os seus e
meus “direitos humanos” quando esse circo todo acabar e
estivermos lesados por menores de idade, que são em grande maioria,
os “problemas” da população, onde vivem em extremo consumo de
drogas lícitas e ilícitas sem a menor preocupação ou ação de
algum poder público.
Aproveitaram-se
de um pedido de mais dignidade para saquear e colocar a população
em risco. Tiraram a nossa liberdade de ir e vir. Mas é isso que
acontece quando se investe mais em construir prisões e aumentar a
capacidade dos presídios, e se reduz número
de salas de aula, corta-se professores e reduz o investimento na
educação. E sem “mimimi” que cultura/ educação não salva,
seres pensantes não cometem as barbaridades que vimos ontem e hoje.
Reduzem-se a possibilidade de fazermos pessoas com capacidade de
refletir e de pensar, massacram a oportunidades de melhorar na vida.
Hoje
e ontem, recebi inúmeros vídeos, fotos e áudios pelo celular
mostrando o pandemônio que o ES se encontra, cidades de norte ao sul
do estado encontram-se tomada por bandidos portando armamento forte,
esses mesmos seres, que são defendidos pelos direitos humanos,
invadem lojas, prédios públicos, privados, residências e o que
podem alcançar. Eles ferem com o princípio constitucional de
liberdade de ir e vir.
Se
o PM não pode participar, promover ou incentivar protestos, está
na lei,
como que fica o meu direito de segurança, também previsto pelo
código constitucional? (artigo 5º - vá ler, ameba). Acha mesmo que
eles não estão compactuando com isso? Como podemos ver e não
enxergar tamanho caos que nos cerca?
Não
é de hoje que vemos quem deveria nos defender, fechar os olhos e
deixando a criminalidade acontecer. Não nos importamos com a evasão
escolar, ou com a desvalorização do professor e de qualquer outro
servidor público, como os policiais, em questão. Viramos nossos
olhos para os nossos umbigos e esquecemo-nos dos
outros.
Vemos e não enxergamos, atingimos a cegueira branca tão bem
descrita por Saramago em sua obra “O ensaio sobre a Cegueira”.
Até
o momento, já foi autorizado que a força nacional viesse em nosso
socorro, mas até agora, nada. Ouvi comparações nas redes sociais
que o ES se tornou o Iraque brasileiro. Tudo que consigo pensar foi a
que ponto deixamos isso chegar.
Esperamos
por dias melhores, se é que ainda podemos esperar por isso,
entretanto, pelo menos para mim, essa situação serviu para melhorar
a visibilidade de todos, independente de ser policial, magistrado,
varredor de rua ou qualquer outro trabalhador que presta serviço ao
estado ou município, está sendo lesado, perdemos espaço e
direitos, aos pouquinhos, que é para a gente não se dar conta.
Recomendo hoje, a leitura da obra que citei acima, Ensaio sobre a
cegueira- José Saramago e vamos refletir como se encontra a nossa
sociedade e se vamos continuar vendo e não enxergando, tomados por
essa cegueira branca.
· **** Após dois anos sem postagens, voltamos com
tudo, o blog vai sofrer mudanças de conteúdo, layout e parcerias de escrita
também vão surgir. Me aguardem! Um post mais completo explicando as mudanças
virá depois, obrigado a todos que ainda me acompanham. O aparecimento repentino
veio diante do caos que vivemos. Até mais.
Para mim o ponto chave é "Mas é isso que acontece quando se investe mais em construir prisões e aumentar a capacidade dos presídios, e se reduz número de salas de aula, corta-se professores e reduz o investimento na educação". A rais. Esta sendo bom acontecer isso para todo mundo ver qual papel cada um ocupa na sociedade, ficou bem claro como está o País (não só o ES), pois isso ja é realizade em muitas cidades do Brasil.
ResponderExcluirA cidade virou um caos mesmo e tudo por causa de eu quero o meu e que se dane os outros. Estou chocada, arrasada por pela primeira vez em cinquenta anos ver a nossa Cachoeiro desse jeito sai com medo ee tranquei na prisão do meu lar. Devemos protestar mas sabendo que não podemos prejudicar o próximo, pois esse próximo pode te cobrar depois.
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